Dentre os mais variados títulos de Jesus Cristo, nosso Senhor, um deles é importante pela ordem das profecias vetero-testamentárias e de sua linhagem real: O messias é o Rei esperado da descendência de Davi. Em diversas passagens, podemos verificar que Jesus além de ser o salvador e redentor, também é aclamado como o rei aguardado pelos judeus.
Mc 15,18 – “E começaram a saudá-lo, dizendo: Salve, o Rei dos Judeus!”
No livro das revelações (apocalipse) escrito por São João, Cristo é aclamado como o “Rei supremo”:
Ap 19,16 – “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores”.
E por qual motivo o filho de Deus é chamado de Rei? Para entendermos esse título, necessitamos retornar ao velho testamento e entender que após a morte do Rei Salomão (filho de Davi), Israel foi dividida em dois reinos (1 Rs 11,11), sendo que a começar por Salomão, todos os demais reis (exceção para Ezequias e Josias) corromperam o povo escolhido fazendo com que os hebreus se entregassem a idolatria, corrupção moral, sacerdotal e por esse motivo, a mão de Deus pesou sobre os seus e tanto Israel (reino do norte), quanto Judá (reino do sul), foram aniquiladas por outros povos (Assírios e Babilônios) e assim, os hebreus foram exilados de sua terra.
Em decorrência de todas as desgraças causadas pelos próprios judeus, uma tradição muito forte passou a considerar que um novo “Rei Davi” deveria ressurgir para libertar o seu povo das cadeias da escravidão. Esse foi um dos temas muito difundidos por grande parte dos profetas que além de pregar a necessidade de arrependimento por parte dos hebreus, anunciava a chegada de um novo Rei que mudaria a sorte de Israel:
Mq 5,2 – “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
Sendo assim, Jesus é o rei esperado da descendência de Davi e seu reinado jamais terá fim. Pois bem, sabendo que o Cristo é Rei, já podemos começar a delinear os traços reinantes de Maria e o motivo pelo qual a Igreja invoca a Mãe de Deus pelo título de Rainha.
Inicialmente, chamar a virgem de Rainha, já revela a consequência lógica do seu filho Jesus, rei por excelência. Se Cristo é Rei, Maria, por ser sua mãe e dona da maternidade messiânica, também é parte integrante da monarquia de nosso Senhor e por esse motivo é Rainha. Esse argumento, não refere-se exclusivamente por conta de Jesus e sim porque durante o período onde os judeus foram comandados por reis, suas respectivas mães eram tida por “rainhas” e dividiam o poder indireto do reinado do filho ou pelo menos, algumas ações (1 Rs 22,53; 2 Rs 11,1 – quando Ocozias, tornou-se rei em Israel, o escritor narra que ele teve um comportamento pecaminoso, semelhante ao da mãe).
Visualizamos isso ao nos depararmos com o tratamento dado a Salomão para com a sua mãe e o local de destaque em que ela encontrava-se ao estar com o filho: à direita do trono do Rei.
1 Rs 2,19 – “Betsabéia foi, pois, à presença do rei Salomão para lhe falar de Adonias e o rei se ergueu para ir ao seu encontro e se prostrou diante dela; depois sentou-se no trono e mandou colocar um assento para a mãe do rei e ela sentou-se à sua direita”.
Não só com Betsabéia, mas, a grande parte dos reis de Judá (capital Jerusalém) citados nos registros de 1 e 2 Reis, têm suas respectivas mães mencionadas, ainda que seu reinado não tenha sido bom perante aos olhos de Deus, a “rainha mãe” era citada pelo escritor. Curiosamente, Jesus Cristo é descendente direto da tribo de Judá:
Mt 1,1-3 – “Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaac, Isaac gerou a Jacó, Jacó gerou Judá e seus irmãos, Judá gerou Farés e Zara, de Tamar, Farés gerou Esrom, Esrom gerou Aram”.
E é do reinado de Judá, que as mães dos reis são citadas. Trago até os leitores, alguns exemplos retirados das escrituras sagradas:
Legenda = REI (REINO; DATA): NOME DA MÃE [PASSAGEM BÍBLICA]
- Roboão (Judá; 931-913): Naama, a amonita [1 Rs 14,22];
- Abiam (Judá; 913-911): Maaca [1 Rs 15,1];
- Asa (Judá; 911-870): Maaca [1 Rs 15,10];
- Josafá (Judá; 870-848): Azuba [1 Rs 22,42];
- Ocozias (Judá; 841): Atalia [2 Rs 8,26];
- Joás (Judá; 835-796); Sebias [2 Rs 12,2];
- Amasias (Judá; 796-781); Joaden [2 Rs 14,2];
- Ozias (Judá; 781-740); Jequelias [2 Rs 15,2];
- Joatão (Judá; 740-736); Jerusa [2 Rs 15,33];
- Ezequias (Judá; 716-687); Abi [2 Rs 18,2];
- Manassés (Judá; 687-642); Hafsiba [2 Rs 21,1];
- Josias (Judá; 640-609); Idida [2 Rs 22,1];
- Joacaz (Judá; 609); Hamital [2 Rs 23,31];
- Joaquim (Judá; 609-598); Zebida [2 Rs 23,36];
- Sedecias (Judá; 598-587); Hamital [2 Rs 24,18];
Aqui, adicionamos o Reis dos reis e Senhor dos senhores, junto de sua “rainha mãe”:
Rei: Jesus Cristo
Reinado: Universal
Data: Por toda a eternidade
Rainha Mãe: Maria Santíssima
Referência bíblia: Mt 1,23; Lc 1,28; Lc 1,43; Ap 12,1
Por esse motivo, não simplesmente pela ordem espiritual, mas também, pela ordem teológica e histórica, a virgem Maria é aclamada no tempo da graça pela Igreja (que reconhece a sua maternidade), como “RAINHA”.
“Salve Regina, Mater misericórdiae, vita, dulcédo, et spes nostra, salve!”
“Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a luz debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1)
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