Nome: Anônimo(a)
Data: 19 de Março de 2017
Horário: 13:54
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Pergunta: Em Mt 6,7 diz que quando orarmos, não podemos usar de “vãs repetições”. O terço, seria enquadrado nisso?
RESPOSTA
Olá! Pax do Cristo!
Para entendermos essa passagem e o porquê de Jesus ter afirmado tais palavras, precisamos olhar alguns versículos anteriores.
No verso 5 do mesmo capítulo, Nosso Senhor diz: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens” (Mt 6,5).
Na época de Jesus, os fariseus, escribas e mestres da lei, representavam a autoridade religiosa frente ao povo e por esse motivo, na intenção de exalar uma falsa santidade frente a pessoas pouco instruídas, compraziam-se em orar em voz alta, em pé, nas ruas, esquinas, sinagogas; não para alcançar de Deus a salvação para os seus, mas, para vestir uma falsa roupa de santidade.
Em contra partida, os gentios (homens e mulheres que pertenciam a outros povoados e não professavam a fé judaica – At 2,9-11) que possuíam inúmeros deuses, acreditavam que repetir palavras atrairia a benevolência das divindades e com isso, conseguiriam algum socorro dos céus.
É por esse motivo que Jesus disse:
Mt 6,7 – “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos“.
Nestes dois versos (5 e 7), Jesus Cristo está criticando duramente o judeu (crente no Deus de Israel) pela hipocrisia em exaltar a si próprio durante suas orações, assim como o pagão que não sabendo rezar, desespera-se em repetir palavras acreditando que isso lhe traria algum fruto.
Sendo assim, precisaríamos agora, pensar o porquê de algum protestante usar esse texto para referir-se ao terço. Como é possível ver, não há qualquer relação com a oração da “Ave Maria“.
O santo terço é contemplativo. Vivemos, através dele, todos os mistérios bíblicos que estão plenamente relacionados com a nossa salvação. Rezamos a “Ave Maria“, convidando Nossa Senhora para estar conosco, assim como ela estava aos pés da cruz, junto de São João, o apóstolo (Jo 19,26).
Além disso, é necessário afirmar que se o ato de repetir algo, fosse necessariamente ruim, nosso Senhor estaria caindo em contradição, pois, foi Ele mesmo quem ensinou a oração do “Pai nosso” (Mt 6,9).
É o próprio Jesus que estando aflito ao rezar para o Pai no Getsêmani, repete as mesmas palavras:
Mt 26,40-44 – “Jesus foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras“.
Os ofícios litúrgicos dos hebreus, estavam repletos de ladainhas: Sl 29 repete “a voz do Senhor“, Sl 46 repete “O Senhor dos Exércitos está conosco“. O Sl 135(136) repete por mais de 25 vezes a frase “porque a sua benignidade dura para sempre“.
Dessa forma, devemos seguir o exemplo deixado por São Paulo em sua primeira epístola aos tessalonicenses: “Orar sem cessar” (1 Ts 5,17).
Rezemos por aqueles que sem entender, caluniam a santa fé católica.
Deus abençoe!
Érick Augusto Gomes
Categorias:Espaço do Leitor
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